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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

XIX Campeonato Brasileiro de Soluções - Diário de um AA 3

Domingo, 10h da manhã, CXSP...

Bela manhã, ensolarada, nesse dia 12 de dezembro.
Um pouco sonado, o que é normal, mas animado por arbitrar um torneio diferente de tudo o que fiz até hoje.
Solucionismo? Creio que a grande maioria dos enxadristas, talvez 8 em 10, nunca tenha ouvido falar.
E dos outros 2 é bem possível que saiba bem superficialmente.
Bom, vou resumir bastante o que é.
Solucionismo consiste em resolver posições de jogo, prever os mates em 2, 3 ou 4 lances, por exemplo, além de coisas inusitadas, como o mate reverso (as brancas forçam as negras a dar mate e as negras, por sua vez, tentam impedir, algo parecido com o "perde ganha") e mates ajudados.
Em um torneio de solucionismo, para resolver esses diferentes tipos de problemas, podem ser utilizados simultaneamente mais de um jogo de peças.
Nesse Campeonato Brasileiro, por exemplo, jogadores como o Roberto Stelling utilizaram 3 simultaneamente.
Depois de abrir esse parêntese para resumir solucionismo, vamos ao torneio!

The main event! - O clima do torneio, claro, é de competição, mas é um ambiente mais ameno do que um torneio convencional de xadrez.
Os jogadores solucionistas se conhecem e os mais experientes estimulam os mais novos a participar de mais torneio para melhorar o nível de jogo.
Visualmente, a grande diferença é a disposição da própria mesa de jogo: ao invés de apenas um tabuleiro de jogo, com um jogo de peças, os jogadores podem utilizar mais de um tabuleiro simultaneamente.
Nesse Campeonato Brasileiro, por exemplo, jogadores como o Roberto Stelling utilizaram 3 simultaneamente.
Outra diferença é que as peças podem ser tocadas sem nenhum problema, a vontade.
Todos recebem no início da rodada uma folha com os diagramas e outra com espaço para respostas.
Nesse torneio, entre os 8 participantes, havia 3 estreantes em solucionismo: Vivian Heinhichs, André Salama e Guilherme Cirilo (esses dois últimos, do conhecido blog "Xadrez Underground" - "XU" para os mais chegados).
Pelo visto, o clima mais amigável dos mais experientes também foi passado aos debutantes: Cirilo e "Topalov" Salama se divertiam antes do início, queriam saber quem seria o lanterna, sugerindo que seria a Vivian, tudo no mais descontraído clima.

Mal sabiam eles que ela é quem iria rir por último!

Outra diferença para o xadrez o qual estamos acostumados: como o solucionista está sendo testado, como em uma prova, ele "joga" sozinho, então, o critério para definir a vitória é por pontos.
Após o tempo determinado (nesse caso, de 1h15), os jogadores entregam as folhas de resposta e recebem o gabarito.
No final do torneio, todas as folhas de respostas são comparadas ao gabarito.
Para um caso de mate em 3, por exemplo, se na sequência de 3 lances houver acerto do primeiro, é contado um número de pontos correspondente ao acerto daquele lance e os outros são desconsiderados.
Ou seja: é possível marcar pontos mesmo sem acertar toda a sequência.

O grande favorito era o Roberto Stelling e ele não decepcionou, já na 1ª rodada com um resultado de 20 pontos em 30 possíveis! - eram duas rodadas - E ainda somando mais 10, finalizando com 30 pontos, mais de 10 a frente do segundo colocado.

Ao apurar os resultados, uma surpresa: Vivian Heinhichs obteve o 4º lugar, a 1 ponto apenas do 2º colocado. Obteve o troféu de melhor jogadora e mais do que isso, ao que disse o Stelling, a primeira mulher a disputar um Campeonato Brasileiro!

Para azar dos bons blogueiros e companheiros de arbitragem, André e Cirilo, a soma dos resultados dos dois não supera os 18,5 pontos da Vivian - eles, claro, levaram numa boa, com espírito esportivo, como deve ser.

Solving Show - Além dessa modalidade ainda não tão difundida no Brasil, a novidade (digo, por mim) é que após o torneio houve um jogo chamado "Solving Show" que consistem em dois diagramas, com dois jogadores disputando um torneio do tipo "playoff", com dois controles com botões para acionar, como se fosse o "Passa ou Repassa".
Os jogadores tem um tempo determinado para achar a resposta e quem apertar o botão primeiro tem a chance de responder o lance correto. Se for incorreto, ponto para o adversário.
Posso dizer que é bem dinâmico, com adrenalina, divertido e realmente uma experiência excitante no xadrez.
Sobre a minha participação nesse Solving, digo que foi emocionante pelo fato de jogar com o mito dessa modalidade no país, Roberto Stelling.
É impressionante a capacidade de solucionar problemas em curto espaço de tempo que ele possui.
Embora apareça 3x1 na tela, o resultado real foi 4x0. A cada vitória de Stelling, aplausos dos outros participantes, inclusive dos adversários, como eu.











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