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domingo, 28 de fevereiro de 2010

Desafio Regional de Arujá

   Neste domingo, 28/02/2010, ocorreu em Arujá, no Clube União, o primeiro desafio Regional de Xadrez Inter-equipes. O qual contou com 8 equipes de quatro jogadores cada uma, com um total de 32 participantes.
   No quadro geral do torneio, nos deparamos com Arujá I e II, a primeira formada por alguns integrantes da equipe de Arujá e outros de Santo André e a segunda formada pela equipe principal de Arujá, incluindo o bom enxadrista arujaense Elton Jorge. Tivemos também a participação de equipes escolares, uma outra que resultou da união de guarulhenses/arujaenses e uma última formada exclusivamente por guarulhenses, assim como a própria equipe que representei.
   Fomos bem e acabamos vencendo o torneio. Algo surpreendente. Espero mais atuações semelhantes !
   Sem mais delongas, vamos aos resultados e análise individual da nossa equipe (Guaru I) :
                    Henrique, Vagner, Vitor e Renan com o troféu de campeões
Desafio Regional Interequipes
Standings (round 5) – 100228 – Interequipes – Desafio Regional

Place           Name                    Feder     Score
1              Guaru I                      livre         29.5
2              Arujá I                       livre         26
3              Arujá II                      livre         25.5
4              Adec & ACM I      livre         23
5              Arujá/Guaru               livre         21
6              Adec & ACM II      livre        17
7              EE Maria Isabel A         livre        12
8              EE Maria Isabel B         livre         6
1- Renan Oliveira (eu) - 4,5 em 5 - Atuação boa, vencendo adversários medianos, pela aparente troca de tabuleiros por parte das outras equipes. Esteve pior em duas partidas, mas soube enrolar bem os adversários... KKKK





2- Vitor Correia - 4,5 em 5 - Pegou pedreiras no segundo tabuleiro e venceu a maioria. Jogou muito bem seu primeiro torneio de 2010. Jogou taticamente e somente perigou não ganhar em uma partida, a qual venceu pelo tempo.





3- Vagner Lima - 3 em 5 - Ganhou dos medianos. Só tremeu para um conhecido seu de torneios, Wellington, também guarulhense, o qual já empatara com Mestre em simultânea.


4- Henrique - 3,5 em 5 - Entrou na equipe de última hora, substituindo outro integrante. Venceu bons jogadores, devido à tática de inversão de forças das outras equipes. Sua única derrota foi num final de peças pequenas empatado.






Até a próxima postagem !

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Entrevista especial com o treinador da equipe de Guarulhos

Francisco Ximenes de Souza

- Como você começou a jogar xadrez?

      Minha mãe me deu um jogo e havia meia folha impressa com as  regras básicas. Como ninguém que conhecia sabia jogar, comecei ensinando todos os que queriam aprender para ter  adversário.

- Qual o significado da arte caissana para você?

      O xadrez é uma grande ferramenta para que as pessoas possam desenvolver as  suas capacidades.

- Conte-nos um pouco sobre sua trajetória neste jogo milenar. (Incluindo listagem de seus títulos principais).

     Aprendi a jogar xadrez há 41 anos. Campeão Guarulhense por várias vezes e em diversas categorias. Fiz 100% nos jogos regionais e abertos do interior em 1979 e 1980, enfrentando inclusive estrangeiros. Como treinador fui doze vezes campeão dos jogos regionais e oito dos jogos abertos com o xadrez feminino,  dez vezes dos regionais com o masculino e nove dos abertos. Ministrei um curso na 1.a. delegacia de ensino de Guarulhos, o qual foi aprovado pelo MEC.

- Quais suas impressões sobre o xadrez guarulhense? O que espera para os próximos anos?

      Incerto, pois irá depender de conseguirmos pessoas com vontade de fazer as coisas e de nos apoiar.  Estamos trabalhando para isto.

- Quais são os principais personagens do xadrez guarulhense (antigos e atuais), em sua opinião? E qual o melhor jogador guarulhense de todos os tempos e na atualidade?

    Tivemos o Rogério Palaikis, que teve vários títulos paulistas por vários anos e até titulo brasileiro;  Justino Pereira Jr que foi um dos melhores juvenis do estado, quando o Estado de São Paulo contava com os  25 melhores do Brasil; Renato Ozaki Barbosa, que chegou a integrar equipe brasileira sub-25; Ângela Vergara, que  jogou por Osasco,  Adriana Schleder que até hoje joga por S. J. do Rio Preto; entre outros. Na atualidade temos Fernando Viana, campeão brasileiro sub-18. 


     Bom, melhor de todos os tempos, acho que foi o Sr. Antonio Polansky que foi 4.o. do Estado no xadrez absoluto na década de 50/60, e, o pai do Alexandre Dantas, que também foi um enxadrista muito bom., somados ao Rogério  Palaikis, Renato Ozaki e ao Fernando Viana.

- Para finalizar, o que você acha dos novos valores do xadrez guarulhense? Quem são nossas esperanças?

     Pela falta de local para treino, os novos valores estão um pouco prejudicados. Acho que entre o Renan Oliveira, o Vitor Morais, a  Mônica Abreu, o Felipe Cardenete, Emerson Rossi, Tatiana Canabrava, Vanessa de Jesus, entre outros, inclusive de Cumbica, que são muito esforçados,e, com bastante iniciativa dos mesmos, poderemos ter boas surpresas. Tento fazer a minha parte, mas se ficarem esperando o poder público, poderá não dar em nada.

Muito obrigado ao Senhor Francisco Ximenes, o Chiquinho, pela entrevista concedida ao blog.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Parte IX

Parte 9 - Prisão e o "peão que atingiu a oitava casa"

P - Um episódio da história da militância do senhor no xadrez é contado no livro e foi quando encontrou o Lula?

HC - Isso.

P - Gostaria que o senhor falasse um pouco mais sobre esse episódio.

HC - É. Foi na Praça Antonio Prado, no Centro de São Paulo, o Lula e os outros membros da diretoria do Sindicato de São Bernardo estavam presos. A greve estava sendo brutalmente reprimida e então minha esposa era bancária e militava no Sindicato dos Bancários. E eu dava aulas de xadrez no Sindicato dos Bancários. E eu dava aulas de xadrez no Sindicato dos bancários e a gente usava o xadrez, inclusive, nas campanhas de filiação do Sindicato, porque o xadrez era um elemento muito interessante, porque ele atraía um nível mais sofisticado de bancários: os gerentes e tal. Você ia numa agência falar de xadrez, os gerente não te punham para fora, eles se interessavam. Estávamos dando essas aulas no Sindicato, um dia lá determinado a diretoria estava discutindo como os bancários podiam manifestar solidariedade aos metalúrgicos. Eu falei: vamos fazer uma simultânea de xadrez na Pça Antônio Prado. Aí eles toparam na hora. Nós fomos para lá, começou às 11h da manhã, quando foi 1 hora da tarde já estava no final, a simultânea. Foi curioso porque só faltava uma partida. E nessa partida o rapaz já estava com 4 peças a menos e não desistia. Ele falou, depois pra gente, quando estava na cadeia, que ele não queria desistir, que ele queria que demorasse mais para que o ato político continuasse. Mas o em fato que esse período que demorou foi quando a polícia chegou.

Herbert sobre Lula: “Se você quiser usar uma imagem do xadrez, ele não deixa de ser um peão que chegou a 8ª casa e acabou se corando dama. É o caso do peão que chegou a presidência da República”
e nós fomos presos. E fomos 3 presos, quer dizer: eu, ele que estava jogando comigo e o (Luiz) Gushiken

que hoje é Ministro (em 2005), presidente do Sindicato (na época), com o megafone na mão, gritando “abaixo...”.... “xeque-mate na ditadura”, essa coisa toda (risos). Aí nós fomos à delegacia e fomos lá indiciados pela Lei de Segurança Nacional. Aí foi uma coisa curiosa, porque já era meio fim, assim, da ditadura, e você tinha o regime, não é? Forte, mas não havia tortura, por exemplo, esse tipo de coisa não houve. Nós ficamos presos. Isso foi uns dias antes do 1º de maio. Nesse dia, o Maluf era o governador do Estado, eu me lembro disso, no dia 1º de maio ele mandou servir feijoada, uma comida melhor lá para os presos. Comemos feijoada, cantamos músicas de 1º de maio e tudo. E teve uma extraordinária passeata dos operários em greve, em São Bernardo, eles enfrentaram a Polícia, conseguiram ocupar o Estádio. Quer dizer, a polícia e o exército, helicóptero e tudo e fizeram a passeata lá. E... nesse momento eu não cheguei a ver o Lula diretamente, não. Um dia, no banho de sol, no pátio, o Gushiken conversou com ele já discutindo a formação do PT (Partido dos Trabalhadores), que foi formado naquele ano, como que ia ser, o núcleo dos bancários, esse tipo de coisa, entendeu? E foi assim, não é? Se você quiser usar uma imagem do xadrez, ele não deixa de ser um peão que chegou a 8ª casa e acabou se coroando. É o caso do peão que chegou a presidência da República.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Ciclo de torneios de xadrez movimenta Campinas

Wilton Yokomizo

      A partir do dia 21/02, acontece na “Churrascaria Garcia Grill” uma série de 3 torneios, com tempo de reflexão de 21 minutos.
      As outras duas etapas ocorrerão em 07/03 e 21/03.
Moises Correia, do portal “Xadrez Regional” convida os enxadristas guarulhenses (e das demais cidades, claro!) a participar.
      A churrascaria é localizada na Via Anhanguera, km 99, Jd. Eulina.
Para outras informações, acesse: http://www.xadrezregional.com.br

Parte VII

Parte 7 - Xadrez e a política

WY - Sobre comunismo, uma análise de sociedade com o xadrez pode se encaixar nisso. Desde que acabou a União Soviética, começa a perder destaque no Brasil e também em alguns outros países. O xadrez na URSS tinha essa situação entre Karpov e Kasparov cada um com uma orientação política. O Karpov era aberto ao comunismo e o Kasparov era mais adepto a Perestroika de Gorbatchev...

HC - Isso mesmo.

WY – Qual seria a dimensão a qual xadrez e a política se abraçam?

HC - Sempre! Aliás, todo substrato desse livro é exatamente isso. O xadrez e a política sempre andaram de mãos dadas. Desde a sua invenção: ele é inventado na Índia, aí ele é introduzido pelos árabes na península Ibérica. Quem é que na península Ibérica vai jogar xadrez em primeiro lugar? Os padres e os monges. Eles ficavam naqueles conventos, não tinham nada para fazer.
      O filme "O nome da rosa" mostra isso muito bem. Quando vem as "Cruzadas", começa a haver uma disputa ideológica do xadrez. Por quê? Porque o xadrez, como ele era jogado entre os árabes, era outra regra do que é hoje. O bispo, não era bispo, era elefante. A dama não era dama, era o grão-vizir. Os movimentos eram diferentes. Começa uma guerra ideológica logo de cara: quer dizer, os cristãos não podiam jogar xadrez igual aos mouros. Por isso foi proibido jogar xadrez à moda antiga, inventaram regras novas.                  
      Mas não dava para proibir, porque já estava espalhado nos conventos, até santo jogava: Santa Tereza D'Ávila gostava de xadrez. E o 1º grande jogador de xadrez foi um bispo: Dom Ruy Lopez de Segura, por isso até hoje a abertura mais antiga do xadrez se chama Ruy Lopez ou Espanhola, por causa desse bispo. Depois o xadrez foi utilizado como um exemplo durante o Iluminismo, principalmente pelo Rousseau (Jean Jacques Rousseau, pensador do Iluminismo e amante do jogo de Caíssa), de mostrar como a própria sociedade poderia e deveria se organizar de uma maneira mais livre e menos sobre o poder absolutista dos reis. O xadrez também teve um papel importante na Revolução Francesa.


Parte 8 - Xadrez e as revoluções


WY – E na Revolução russa?

“O xeque-mate é fruto de todas as peças que se desenvolvem."

      E depois culminou com a Revolução Russa, de 17. Por quê? Porque o xadrez já era popular na Rússia por conta do frio, naquele inverno super rigoroso, quer dizer, jogar xadrez já fazia parte da cultura do povo russo. Muitas pessoas jogavam.
      O xeque-mate é fruto de todas as peças que se desenvolvem. Quando o Lênin percebeu isso ele passou isso em termos do marxismo para a própria análise do desenvolvimento das forças sociais. Quem são os “peões” que o Lênin moveu? A classe operária, e os escritores que simpatizaram, tudo isso aí você pode imaginar como uma engrenagem de peões, cavalos, bispos e torres que se moveram no tabuleiro da vida, no tabuleiro da história. E quando eles tomaram o poder, aquela sociedade, aquela coisa interessante foram o seguinte: como eles iam construir o socialismo? Industrializar o país? Que era muito atrasado, a classe operária, muito pequena e a maioria do povo era completamente ignorante. O índice de analfabetismo era enorme... A Rússia era dos países mais atrasados da Europa, não é? Não era tão avançado como a França, que já tinha passado por uma revolução francesa, iluminista, da enciclopédia, por uma série de coisas, da educação laica nas escolas e tal. Então tinha uma gigantesca massa de camponeses que era completamente ignorante e analfabeta. E então precisava dar um salto de qualidade para industrializar o país. Primeiro porque esses camponeses precisavam começar a operar máquinas, tinham que começar a atuar politicamente na sociedade. Foi aí que o Lênin e os demais bolcheviques, resolveram, em 1923, utilizar o xadrez como um movimento para queimar etapas, por exemplo, ajudar mentalmente a construção do povo atrasado, no sentido dele ser preparado com mais rapidez para a alfabetização, para estudar, enfim, para se abrir uma mente mais aberta a absorção do conhecimento, né? Então, a ligação do xadrez com a sociedade é total.

P – E sobre a revolução cubana?

      A última delas foi a revolução cubana, onde o Che Guevara já gostava de jogar xadrez na Argentina, que sempre foi um país onde o xadrez foi muito desenvolvido e aí foi um bocado curioso, porque em 1939, o torneio das nações ou Olimpíadas de Xadrez foi em Buenos Aires e quando estava no auge desse torneio estoura a 2ª Guerra na Europa. A 2ª Guerra Mundial. Aí os principais jogadores dos países desenvolvidos não queriam voltar para lá para serem mortos, muitos inclusive eram judeus, como Najdorf, era da Polônia e judeu. Então ele não quis voltar, ficou na Argentina. Então, da noite para o dia, ficou com 10, 20 dos melhores jogadores do mundo. Eliskases (Erich) e outros. Inclusive um deles veio para o Brasil, Ludwig Engels. Morou em São Paulo, morreu até aqui. Mas a maioria ficou na Argentina. Então o xadrez na Argentina se desenvolveu muito. O Che Guevara quando criança chegou a jogar uma simultânea com Najdorf, era ex-campeão argentino, e na Revolução Cubana ele (Che) jogava xadrez na guerrilha. Isso eu conto muito no meu livro, as estórias de Che Guevara, jogando xadrez na guerrilha. O curioso é que quando os cubanos tomam o poder, eles também introduzem o ensino do xadrez nas escolas. Então hoje Cuba é o único país da América onde isso é totalmente massificado, qualquer cubano sabe jogar xadrez, qualquer cubano de 40, 50 anos sabe jogar xadrez, porque desde o início da Revolução cubana, em 59, tem ensino do xadrez nas escolas.

P - No caso do Che Guevara, o senhor acha que o tipo de tática que ele fazia, e usava para a guerrilha, é influenciada pelo xadrez?

HC - Não tenha a menor dúvida! Quando ele dizia, por exemplo, que "era preciso criar 1, 2, 3 Vietnãs para combater o imperialismo", essa é uma noção de jogo de xadrez. Como você planeja uma partida de xadrez? Você tem que ver onde estão as casas fracas e nunca deve se concentrar nunca em uma ameaça só. Você deve criar vários pontos de ameaça para enfraquecer o adversário, isto é, uma tática do jogo de xadrez. Quando ele dizia que era preciso criar várias guerrilhas, ele próprio foi para o Congo, criar uma guerrilha lá. Depois ele foi para a Bolívia, onde morreu. A visão dele era que o imperialismo norte-americano era um adversário que tinha que ser desgastado. E isso é uma forma de jogar xadrez, quando você está jogando contra um adversário mais forte, você tem que fazer pequenas guerrilhas no tabuleiro para ir enfraquecendo, você tentar uma casa fraca e tudo mais. Tem tudo a ver não só com a política e a guerrilha, como a estratégia militar de uma maneira geral. Não por acaso, Napoleão era um apaixonado por xadrez, e tido como o maior gênio militar que o mundo conheceu. E gostava, inclusive, de jogar com os cavalos.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Parte VI

Parte 6 – Mequinho e a Guerra Fria

WY - Falando do “boom” enxadrístico, nas décadas de 60 e 70, principalmente por causa do Mequinho, que foi um prodígio e chegou a ficar entre os 3 melhores do mundo. Ele conseguiu o título de Grande Mestre muito rapidamente, antes dos 16 anos...

HC - Olha, veja como é interessante: depois dele, o Brasil já tem atualmente um total de 5 Grandes Mestres*, (5, excluindo o próprio Mequinho), inclusive alguns se tornaram GM's  (abreviação de Grande Mestre) tão jovens quanto o Mequinho. Nós temos já mais recentemente o Rafael Leitão, que foi campeão mundial da categoria de menores. Mas esse “boom” do xadrez nos anos 70 aconteceu por duas razões: primeiro, por causa da Guerra Fria, quer dizer, os soviéticos tinham completa hegemonia do xadrez mundial desde anos 20, desde a revolução soviética. Por quê? Porque era o único lugar que ensinava nas escolas, era massificado, em cada pequeno povoado soviético. E nunca houvera ninguém no Ocidente que desafiasse essa hegemonia, até que Bobby Fischer conseguiu quebrar isso e na época do auge da Guerra Fria! Foi capa da Revista “Times” e tudo mais. E colocou o xadrez naqueles países que eram caudatários dos EUA do ponto de vista da propaganda e etc, como no caso do Brasil, quando o xadrez ficou em evidência, e ainda surge o Mequinho, que os meios de comunicação se aproveitaram bastante.

* (a entrevista é de 2005; hoje, são 9 GM's; 8, excluindo o Mequinho)

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Parte V

Parte 5 – Xadrez escolar e o futuro

WY - Mesmo nas escolas estaduais e municipais, você acha que pode ter alguma melhora no sentido de incentivar a prática do xadrez, de uma forma mais abrangente e em maior número?

HC - Olha, eu acho que agora você já tem alguns elementos que alguns anos atrás não havia e que podem possibilitar, extraordinariamente a estudar o xadrez. Primeiro deles, é a Internet. Antes, para você jogar, era uma coisa que você tinha que pertencer a algum clube e tudo. E hoje não, você pode jogar em casa, pela Internet, as escolas que tem os computadores, isso facilita extraordinariamente o aprendizado, o estudo do xadrez e a própria disputa, Então, isso é uma coisa que é fundamental. A outra coisa é que nos anos 70, quando se começou a falar de ensino do xadrez nas escolas, você não tinha essa facilidade e você tinha até certo preconceito, muitos achavam que “era um jogo de comunistas”. Até hoje tem gente que acha que xadrez é um jogo de azar, que não pode, que é que nem baralho e não é nada disso. É um jogo, sem dúvida, mas é o único jogo que a sorte não conta, em aspecto algum. Ou, como dizia Capablanca, que foi um grande campeão mundial, “no xadrez, coincidentemente, a sorte sempre ajuda os mais fortes (risos)”. 

      Então, esses aspectos, eu acho, hoje já favorecem extraordinariamente, tanto é que além dessa iniciativa da cidade de São Paulo, existe uma iniciativa do Estado de São Paulo, em várias cidades, Campinas, dentre outras. O estado do Rio começou há pouco tempo, em 150 escolas da rede estadual, o ensino de xadrez, e já tem um programa também do Ministério do Esporte, para fazer a nível nacional, junto com o ministério da Educação.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Parte IV

Parte 4 – O xadrez é a vida?

WY - Então, o senhor acredita em qual das duas hipóteses: a do Fischer ou a do Spassky?

“O xadrez é a vida” ou o “o xadrez é como a vida”?

HC - “O xadrez é como a vida”. Porque o xadrez vai muito além de jogar xadrez. O humorista Millôr Fernandes, na época da ditadura, ironizou o Mequinho, que foi muito instrumentalizado pelo governo militar da época. O general Médici (Emílio Garrastazu Médici, tido como o mais “linha dura” dos presidentes militares) dizia: “nós vamos ser campeões dos pés à cabeça”. Por causa do futebol (tricampeonato de 70, no México) e por causa do Mequinho, no xadrez. Então a esquerda não gostava do Mequinho e o Millôr Fernandes criou uma frase: “Jogar xadrez desenvolve a capacidade de jogar xadrez” (proferida novamente por ocasião da derrota de Garry Kimovich Kasparov contra o Deep Blue, o supercomputador da IBM).
                Herbert em torneio recebendo prêmio das mãos de Adriano Caldeira

      Então essa estória de que “o xadrez é a vida”, do Fischer, ilustra a postura de alguns jogadores diante do xadrez e a alienação para jogar xadrez, mas o Spassky era o contrário: “o xadrez é como a vida”. Não é a vida. Se você usar o xadrez para vida, como um espelho do que é a vida, do que a própria realidade te coloca, então, o fato de você jogar xadrez é um fator cultural bastante importante. Quando se ensina a 30 mil crianças, é provável que 30 dessas crianças possam chegar a ser campeões. Mas isto é um fato menor se a gente considerar as outras milhares que na engenharia, nas artes, naquilo que elas escolherem na vida puderem aproveitar o fato de saber jogar xadrez para planejar a sua vida.

Continua ...

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Parte III

Parte 3 - Encanto do xadrez
WY - Qual é o aspecto que o senhor considera mais interessante no jogo de xadrez?
HC - Olha, o que eu acho mais interessante é a questão do planejamento, tudo na vida quando você faz planejado, faz melhor. Porém,  na maioria das vezes a dinâmica da vida leva as pessoas a agir de maneira mais improvisada e impensada, do que calculada, premeditada, planejada. O que eu acho fascinante no xadrez é esse exercício da estratégia e da tática, ou seja, você precisa traçar um plano com grande antecedência. Você precisa traçar uma estratégia para luta e essa estratégia precisa ser constantemente aferida porque depende do que o outro vai fazer, então isto está muito parecido com a vida.  Traço sempre esses paralelos entre a vida e o xadrez. Em toda a História da humanidade houve revoluções, guerras... Todas elas foram fenômenos de estratégia e de tática. Então, o que eu acho fascinante no xadrez é a semelhança que a disputa intelectual do xadrez tem com tudo na vida. É o que me fascina.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Parte II

Parte 2 - Sobre a bibliografia (ou falta dela) enxadrística no Brasil

WY – Desde aquele tempo o senhor já notava a falta de bibliografia. Hoje a situação do xadrez, da bibliografia para xadrez, melhorou bastante?

HC – No Brasil, ainda (melhorou) menos. Fazer livros para popularizar, a divulgação e o interesse pelo xadrez, como é o caso desse livro (“Tabuleiro da vida” -  de autoria de Herbert Carvalho), pela Editora Senac.


Herbert: “O xadrez é o esporte que mais livros tem: o que mais presta a comunicação por escrito.”

      Mas em outros países é uma tradição. Se você pensar na área do esporte, o xadrez é o esporte que mais livros tem: o que mais presta a comunicação por escrito. Você não pode descrever outras partidas (de outros esportes) num jornal. Mostrar uma partida de futebol, de qualquer outro esporte, a televisão é o veículo mais indicado para você visualizar. No xadrez não: porque uma partida de xadrez de 4 ou 5 horas, na televisão, seria uma coisa muito chata. Mas no jornal, ou num livro, uma partida de 40 jogadas ocupa um espaço pequenininho, num livro ou num jornal.
      Por isso existem muitos livros sobre a teoria do xadrez. Existem mais de 5 mil títulos publicados em diversos idiomas.
      Existe uma publicação muito importante, chamada “Informador Ennxadrístico”, que é editado só com figurinhas, então, as partidas são publicadas com desenhos das pecinhas e tem sinais para fazer comentários sobre as boas jogadas. Também temos brasileiros que se animam a escrever sobre xadrez, como é o caso desse livro, que não exatamente ensina a jogar xadrez, mas que conta a história do xadrez e estórias que eu presenciei como enxadrista.

 Continua ...

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Entrevista com o Mestre FIDE Herbert Carvalho - Parte I

      Olá caros leitores! Publicaremos a partir desta semana uma entrevista feita com o Mestre FIDE e ex-segundo do Mequinho, Herbert Carvalho. Tal entrevista será dividida em partes, publicadas semanalmente. Fora feita pelo jornalista-enxadrista Wilton Yokomizo em seus tempos de faculdade, com o seguinte tema: Xadrez: ferramenta pedagógica e de análise de sociedade. 

Espero que seja proveitosa a todos. Boa leitura !
Primeira parte:

Entrevistador: Wilton Yokomizo

Herbert Carvalho fala sobre interessantes aspectos do jogo e sobre o livro “Tabuleiro da Vida”

      Herbert Carvalho é enxadrista e foi jornalista especializado na área. Um resumo da sua carreira como enxadrista: foi vice-campeão paulista ainda criança, técnico do Mequinho nos anos de 73 e 74 e depois seguiu carreira individualmente. Seu melhor resultado foi o vice-campeonato brasileiro, em 1980. Nessa mesma época, integrou a equipe brasileira que jogou a Olimpíada Mundial de Xadrez, na Ilha de Malta (assim como os demais esportes, o xadrez possui uma Olimpíada!).
      Foi militante político e após organizar um torneio amistoso em praça pública, foi preso junto com o futuro ministro e então presidente do sindicato dos bancários, Luiz Gushiken e esteve detido no mesmo período e local que outra figura pública que “alcançaria a oitava casa”: o atual presidente Luis Inácio Lula da Silva. Viajou por diversos países em função da sua carreira de jornalista-enxadrista, pelo jornal “Folha de São Paulo”.
      Nessa entrevista, ele fala sobre diversos aspectos interessantíssimos do esporte e sobre como a vida pode estar ligada ao “jogo de Caíssa”.
      A conversa com Herbert Carvalho revela a pessoa além do xadrez: um erudito tanto no xadrez quanto nas demais áreas do conhecimento.

Wilton Yokomizo - Herbert Carvalho, gostaria que o Sr. fizesse uma apresentação breve, da trajetória do senhor no xadrez durante a sua vida.

Herbert Carvalho -  Meu pai me ensinou e deu um pequeno livro, mas eu não tinha muito com quem jogar, então eu rapidamente decorei todas as partidas que tinha no livro. O livro era escrito em espanhol, então, eu não só aprendi xadrez como aprendi um pouco de espanhol também. Era um livro muito fininho, devia ter umas 20 partidas. Desde essa época que eu penso na questão de que a bibliografia do xadrez, em português, é escassa.
      Aprendi a jogar xadrez com 7 anos e rapidamente me tornei um dos melhores jogadores de São Paulo; fui vice-campeão paulista, com 12 anos, já jogava dos 15 aos 17 o campeonato brasileiro e com 20 anos, pouco menos do que isso, entre 18 e 20 anos, eu já era o técnico do Mequinho (Henrique Mecking, o melhor enxadrista do Brasil em todos os tempos) nos anos 70. Em 73, quando Mequinho se destacou no torneio regional de Petrópolis, eu já era o técnico dele e depois em 74 quando ele disputou com o Korchnoi (Viktor, "o terrível"; fortíssimo Grande Mestre russo/suíço), na cidade de Augusta, Estados Unidos, pelo campeonato mundial, eu, de novo, era o técnico dele. 

Até a próxima !

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Torneio Volta às aulas

TORNEIO ABERTO DE XADREZ
“VOLTA ÀS AULAS”


INTEREQUIPES

27/FEV/2010 – SÁBADO: CLUBE UNIÃO, das 13h às 19h.

FORMA DE DISPUTA
• TEMPO: 21 X 21,
• SISTEMA: SUIÇO, em 05 (cinco) RODADAS,
• CATEGORIAS: SUB10 (7, 8, 9 e 10) e SUB14 (11,12,13 e 14) ,
• INTEREQUIPES,
• EQUIPES MASCULINO, FEMININO ou MISTA.

INSCRIÇÕES
• GRATUITO!
• ABERTO A EQUIPES SUB10 e EQUIPES SUB14
• DIAS: 15 AO DIA 25 (ATÉ 16h00), por e-mail: melec@pop.com.br
OBS. No dia não haverá inscrição e nem poderá realizar alterações nas Equipes, e, aos Alunos Enxadristas não poderão participar sem RG (Carteira de Identidade)
OBSERVEM O REGULAMENTO GERAL.


CRONOGRAMA
DATA DESCRIÇÃO
15/02 INICIO DAS INSCRIÇÕES
25/02 ENCERRAMENTO DAS INSCRIÇÕES
27/02 13h00 CONGRESSO TÉCNICO e ABERTURA OFICIAL
27/02 13h30 – 1ª Rodada,
27/02 17h30 – 5º Rodada
27/02 19h00 – ENCERRAMENTO E PREMIAÇÃO


PREMIAÇÃO:

1º Col. Equipe SUB10 e SUB14 TROFÉU
 2º Col. Equipe SUB10 e SUB14 TROFÉU
 3º Col. Equipe SUB10 e SUB14 TROFÉU
 ESCOLA CAMPEÃ GERAL TROFÉU TRANSITÓRIO

ARBITRAGEM: PROF.JORGE MELECSEVICS

REALIZAÇÃO – DIREÇÃO - ORGANIZAÇÃO
• MEX - MOVIMENTO ENXADRISTICO – JORGE MELECSEVICS
• SECRETARIA MUNICIPAL DE ESPORTES

APOIO CULTURAL
• CLUBE UNIÃO ARUJAENSE
• SECRETARIA MUNICIPAL DE ESPORTES
• MEX – MOVIMENTO ENXADRISTICO
• LIGA DE XADREZ

1ª Etapa da Copa Osasco – Com 4,5 em 5, Bruno Morado é o campeão

Por Wilton Yokomizo
      A primeira “Copa Osasco” de xadrez teve seu início nesse último sábado, 6 de fevereiro. Serão mais 5 etapas, nos meses de abril, junho, agosto, outubro e dezembro. Os 8 melhores de cada etapa somam pontos e após 5 etapas haverá uma final entre os 8 melhores pontuadores (mais informações nos sites “http://xadrezdecadadia.blogspot.com” e “http://xadrezdopicapau.blogspot.com”).


      O vencedor dessa primeira etapa foi Bruno Morado, jovem enxadrista de Osasco. Foram 18 participantes e algumas curiosidades. A família Pelikian, representada em peso: os dois filhos do Mestre Internacional e a esposa participaram. Acredito que seja um recorde de pessoas da mesma família em um torneio de xadrez, ao menos, em Osasco. Outra peculiaridade é a família (quase) inteira ser premiada: os filhos receberam medalhas nas respectivas categorias “sub” e a esposa no feminino (uma pena, o MI não jogou, embora tenha assistido a atuação do seu clã. Senão, seria mais uma medalha para a família!).
      Além disso, um torneio com a participação de um Mestre Internacional sempre ganha brilho.

     
       Guarulhense no torneio! - O enxadrista Wilton Yokomizo (também conhecido por mim como “eu!”! Hehehe!) fez 3 pontos em 5 possíveis e terminou na 6ª posição, obteve 30 pontos, segundo pontuação da Copa Osasco. Foram 3 vitórias e 2 derrotas.

      Foi uma boa participação, sobretudo pelo fato de não ter jogado muito desde dezembro e pela realização de boas partidas, mesmo nas duas derrotas (contra Deivid e Arthur Aquino).

      Destaco, sobre esse torneio, o espaço: é um local apropriado para a prática do xadrez e de torneios, com mesas adequadas, relógios e peças, além da facilidade do acesso (a Rua dos Autonomistas fica na região central da cidade).
      Até mais !

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Campeão por um dia !

    Neste Sábado, dia 06/02/2010, tive o prazer de vencer pela primeira vez um torneio no Clube de Xadrez São Paulo: o torneio semanal relâmpago. Como não poderia deixar de ser, jogadores de bom nível estiveram presentes e, por sorte (ou mérito, ainda não sei ao certo), acabei vencendo o torneio. Entre os participantes: Tales Dohani,PC Vasconcellos e Bruno Terra. Fiz 5.5 em 7, apenas perdendo para outro bom jogador: Rodrigo Marangon. Bruno teve bom desempenho, mas seu ponto contra mim fez falta depois, sendo que me entregara duas peças logo na abertura. Tales empatou duas, ganhando o Troféu Greenfeld, e Paulo perdeu pra mim na última rodada pelo tempo. Marangon seguia bem, até perder para Bruno na penúltima rodada.  Mais informações em: http://www.cxsp.com.br
 

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Mensagem do Chiquinho

Retornaremos aos treinos no Anglo depois do carnaval.
Falou!
Chiquinho

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Wijk Aan Zee 2010 – O número 1 do mundo vence o primeiro grande torneio do ano

Por Wilton Yokomizo

   O forte torneio de Corus 2010 / Wijk Aan Zee, na Holanda, teve a vitória de Magnus Carlsen.
Com a participação de pelo menos 8 dos melhores enxadristas do mundo (além do campeão, Kramnik, Shirov, Anand, Nakamura, Karjakin, Ivanchuk e Leko), podemos considerar um marco na ascensão do jovem norueguês , que tem se apresentado em grande forma nesses últimos meses (com contribuição decisiva dos treinamentos com seu treinador, Gary Kasparov).
   A única derrota foi para o segundo colocado e ex-campeão do mundo, Vladimir Kramnik. Outro destaque do torneio foi a “ressurreição” de Alexei Shirov, em um verdadeiro “Thriller” de Michael Jackson (com direito a 5 pontos em 5 possíveis nas 5 primeiras rodadas!). O xadrez agressivo e ofensivo de Shirov o levou ao terceiro lugar do torneio, em uma surpreendente e inesperada atuação.
   O atual campeão mundial, Anand, terminou o torneio invicto, porém, em 4º lugar (11 empates e apenas 2 vitórias).

Essa foi boa!:
Na terceira rodada, Nakamura, até então em 2º no torneio, deu uma irreverente declaração: “se eu continuar a jogar dessa forma, posso vencer qualquer um”! - então, deixou de “jogar dessa forma” contra Kramnik, na 8ª rodada! Hehehe! - isso remete a Efim Bogoljubov (“Quando jogo de brancas, venço porque estou de brancas. Quando jogo de pretas, venço porque sou Bogoljubov”...).

Mais traduções

Novamente traduzi uma partida comentada do Torneio Moscow Chess Open 2010. Acompanhem: http://www.moscowchessopen.ru/eng/index
Mais partidas em:
http://www.moscowchessopen.ru/upload/files/a.pgn

Partida comentada pelo MI Vladimir Barsky
A.Evdokimov – D.Gochelashvili
Defesa Índia do Rei
1.d4 Cf6 2.c4 g6 3.Cc3 Bg7 4.e4 d6 5.Cf3 0-0 6.Be2 e5 7.0-0 Ca6
No sistema clássico da Índia do Rei pretas preferem Cс6 e depois de 8.d5 Ce7 contra atacam na ala do Rei para suportar o ataque. O lance da partida é ilusoriamente arrogante: Pretas pensam em dominar o ponto c5.
 
8.Be3 Cg4 9.Bg5 De8 10.dxe5 dxe5 11.h3 h6 12.Bd2 Cf6 13.Be3 De7 14.Cd5 Dd8 15.Dc1 Rh7 16.Td1 Cxe4
Os oponentes reproduziram uma longa variante teórica até agora, mas as brancas gastaram muito mais tempo para isso.
 
17.Cb6
Provavelmente oferecesse maiores perspectivas 17.c5, e somente no caso de  17 … c6 tomar a dama - 18.Nb6. Na partida Sandipan - Arakhamia-Grant (Philadelphia 2007) Brancas obtiveram resultado notável depois de 18… De7 19. Cxa8 Be6 20. Bxa6 bxa6 21. Cb6 axb6 22. cxb6 Bd5 23.Cd2 Cxd2 24.Txd2 etc.
17... axb6 18.Txd8 Txd8 19.Qe1 Be6
Novidade. Antes fora jogado 19... Cec5 20. Td1 Be6 21. a3 Txd1 22.Dxd1 Cd7 23.b4 Cab8 24.Dc1 Cc6 25.Bd3 Cd4 26.Bxd4 exd4 27.h4 Rg8 28.Cd2 Ce5 etc., Cordova - Valdes, Havana 2008.
Pretas têm excelente compensação pela Dama – Torre, Cavalo e um Peão. Como sabemos, a Dama é especialmente forte numa posição aberta , mas as brancas têm dificuldades em abrir linhas
20.Td1 Nd6
Pretas recusam trocas. Brancas têm partida fácil após 20... Txd1 21. Dxd1 Cb4 (obviamente ruim é 21... Cb8? 22.Dd8) 22.Cd2! Cxd2 23.Dxd2, e é ruim 23 … Cxa2? (correto é 23... Cc6 24.b3 com chances mútuas) 24.Bf3, e é difícil para as Pretas retornar o Cavalo sem esforço
21. b3 Cb8 22.a4 Cc6 23.h4
Era pior 23.Cd2 Cf5 24.Bf3, tentando ativar as peças menores.
23... Cf5 24. h5 g5
 
25. Txd8
Brancas poderiam tentar um curioso sacrifício aqui - 25. Bxg5!? hxg5 26.Nxg5 + Kh8 27.Cxe6 fxe6 28.Bf3, e o Rybka avalia a posição como igual.
25... Txd8 26. Db1 Rg8 27. Bd3 Cxe3 28. fxe3 Ce7 29.Ch2?!
Uma manobra passive que permite às pretas ganhar espaço no centro. Era melhor 29. Dc2, aspirando avançar c4-c5.
29... f5 30.Cf1?!
É consistente, mas sem sucesso. Brancas deveriam ter jogado: 30. e4 f4 31.c5 bxc5 32.Bc4, com um bom contra-jogo.
30...e4 31.Bc2 g4 32.De1 Cc6?!
Parece lógico – o cavalo invade o campo inimigo por meio de е5, embora seja correto 32... Be5 33. Cg3 c5 34. Ce2 Bf7 35. Cf4 Cc6 com vantagem óbvia para as pretas.
33. Cg3 Ce5
 
34.Ce2?
Brancas deixam passar uma chance que consistia num sacrifício de peça após 34. Df1! Td2 (34... Tf8 35. Ce2 não é perigoso para as pretas) 35. Cxf5 Bxf5 36. Dxf5 Txc2 37. De6+ Rh8 38. Dc8+ Rh7 39. Df5+ Rg8 40. De6+, e pretas devem concordar com empate após 40… Rf8 41. Dc8+ Brancas têm, eventualmente, chances de vencer.
34... Cd3 35. Dh4
35. Bxd3 exd3 36. Dd2 Td6 37. Cf4 Bc3! 38. Dd1 d2 etc
35... Td7 36.Cd4 Rf7!
 
37. Rf1
37. Cxe6 Rxe6 38. Dg3 Be5 39. Dh4 g3 – Não ajuda as Brancas.
37... Bf6 38. Dh2 Be5 39. Dh4 Bxd4 40. exd4 Txd4 41. Bxd3 exd3 42. Df2 c5 43. Dd2 f4
Provavelmente melhor seria 43... g3! 44. Rg1 f4 45. Rf1 Bg4 etc.
44. g3 Bf5 45. gxf4 Te4
 
46. Dc3
46. Dxd3? Txf4+.
46...Te2 47.Dh8 g3 48.Dd8 Bh3+
Brancas abandonam.
0-1

Uma partida memorável de um "quase guarulhense" !



  Por meio do formspring, há alguns dias atrás, ao perguntar a um colega sobre sua melhor partida, recebi como reposta uma verdadeira pintura tática, puramente vencedora, típica de combinações modernas (como as do Fritz). Ainda que jogada numa simultânea, não tiro os méritos do colega Bruno Terra, o qual tem jogado contra alguns guarulhenses e, amiúde participa de Torneios em SP. Vejamos a tal partida com alguns comentários:

 [Event "Simul- SESC Itaquera"][Date "06/04/2008"][White “Davy D'Israel”] [Black “Bruno Terra”][Result “0-1”] [ECO B86][Opening “Siciliana Najdorf”]
1.e4 c5 2. Cf3 d6 3. d4
   Outra opção é fechar o jogo com 3.d3, jogando uma espécie de “Ataque Índio do Rei” com o plano g3-Bg2-0-0-c3-Te1-De2-Cbd2-Cf1-h4, etc., pressionando na Ala do Rei, enquanto as Pretas buscam contra-jogo com pressão na ala da Dama e “avalanche” de peões. Um especialista nessa linha era Bobby Fischer.
3...cxd4 4. Cxd4 Cf6 5. Cc3 a6
   Variante Najdorf.
    *5... g6 também é bastante jogado (Variante Dragão) Exemplo:
6.Be3 Bg7 7.f3 Cc6 8.Dd2 0-0 9.Bc4 (Para pressionar f7.) 9...Bd7 10.h4 Tc8 11.Bb3 h5 12.0-0-0. Nesta posição brancas atacarão à baioneta no flanco do Rei e pretas no flanco da dama. Em alguns casos, pretas sacrificam qualidade em c3.
6.Bc4
   6.Bg5 e6 7.f4 Be7 8.Df3 Cbd7 9.0-0-0 Dc7 10.g4 b5 11.Bxf6 Cxf6 12.g5 Cd7 é a linha principal, a qual demonstra muito bem o conceito de ataque em posições com roques opostos.
6...e6 7. Bb3 Be7 8. f4
   Agora o bispo de c1 não poderá mais pressionar o cavalo de f6 (bispo mau).
8...b5 9. O-O!?
   Deliberadamente as brancas deixam cair seu peão central. Tal sacrifício tem plena justificativa, tendo em vista o ataque subsequente.
 9...b4 10. Ca4 Cxe4
   O colega Bruno cai na armadilha teórica (vi no livro de aberturas do Fritz!). 10... 0-0 ou 10... Dc7 são lances mais jogados.
 11. f5
   Brancas já estão superiores.
11... Cc5 12. fxe6 Cxe6 13. Cxe6 Bxe6 14. Bxe6 fxe6 15. Df3
   Segundo a análise do Fritz, Davy já está ganho, em decorrência das diversas ameaças “indefensáveis” de ganho material.
15... Ta7 16. Df7+ Rd7 17. Bg5?
   Aqui é melhor 17. Be3 liquidando a fatura, sem dar chances para o cavalo de c6 entrar em jogo. Por incrível que pareça, com esse simples lance as pretas já estão igualadas!
17... Cc6
   Ainda era tempo pra 18. Be3, com leve vantagem.
18. Cc5+? dxc5! 19. Tad1+ Cd4! 20. Tfe1?
   20. c3 Tf8 21. Dxg7 Txf1+ 22. Rxf1 bxc3 23. bxc3 Df8+ 24.Dxf8 Bxf8 25.cxd4 c4 com igualdade.
 20... Rc8! 21. c3 Tf8 22. Dxg7 Tg8 23. Bxe7 Txg7 24. Bxd8 Cf3+*
 Palavras do Bruno:
“Daí por diante não preciso publicar porque ele só agonizou!”
0-1

MAIS PARTIDAS

    Partida recente de um IRT jogado no Paraguai. Mais informações no blog do Joca de Deus:

http://www.xadreztorneios.blogspot.com

Allan Gattass - Guillermo Soppe [B03]
IRT Posadas-AR, 31.01.2010


1.e4 Cf6 2.e5 Cd5 3.d4 d6 4.c4 Cb6 5.f4 g6 6.Be3 Bg7 7.Cc3 Be6 8.b3 0–0 9.Dd2 a5 10.d5 Bc8 11.exd6 exd6 12.Cf3 a4 13.b4 Bg4 14.Rf2 Bxf3 15.Rxf3 Df6 16.Tc1 C8d7 17.Cb5 Df5 18.h3 Tac8
19.Dc2 Df6 20.Bd4 Dh4 21.g3 Dh5+ 22.g4 Dh4 23.Bf2 Df6 24.Bd4 Dh4 25.Df2 Dd8 26.h4 Te8 27.Bd3 Bxd4 28.Dxd4 Qf6 29.Dxf6 Cxf6 30.g5 Ch5 31.The1 Txe1 32.Txe1 Rf8 33.Bf1 Cg7 34.Bh3 Td8 35.Tc1 Ce8 36.h5 c6 37.dxc6 bxc6 38.Cd4 c5 39.Cc6 Ta8 40.b5 a3 41.Bf1 gxh5 42.Bd3 Ta4 43.Th1 Cg7 44.f5 f6 45.gxf6 Ce8 46.Te1 d5 47.Te7 dxc4 48.Bc2 Ta8 49.Txh7 Cxf6 50.Tb7 Cbd5 51.Ce5 Te8 52.Cxc4 Te1 53.b6 Tc1 54.Cxa3 Tf1+ 55.Ce2 Tf4 56.Tb8+ Rg7 57.Bb3 Tb4 58.b7 Cf4+ 59.Rf3 Cd7 60.Tg8+ Rf6 61.b8D Cxb8 62.Cc2
1–0

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Partida comentada


Partida comentada pelo MI Vladimir Barsky
Moscow Chess Open 2010 Moscou (RUS)  -  30 de Janeiro a 07 de Fevereiro
Alexander Motylev – Mikhail Ulibin
Defesa Francesa
No primeiro tabuleiro um candidato a top:  Alexander Motylev (Yekaterinburg) venceu a boa partida contra Michael Ulybin – um grande “expert” da Defesa Francesa.

1.e4 e6 2.d4 d5 3.Cc3 Bb4 4.e5 b6
Não a linha principal. Pretas preparam c7-c5, mas querem trocar os bispos de casas claras primeiro.

5.a3 Bxc3+ 6.bxc3 Dd7
Tomando conta do Pg7.

7. Dg4 f5 8.Dg3 Ba6 9.Bxa6 Cxa6
Certamente esta troca é favorável para as Pretas, mas elas devem gastar alguns tempos para encontrar um lugar para o cavalo de a6.

10. Ce2 Rf7 11. h4
Este lance foi aplicado por Anand em sua recente partida blitz contra Ivanchuk. Antes fora jogado 11. a4. Neste caso é possível 11… c5 (11...Ce7 12.h4 c5 13.Dd3 Db7 14.Bg5 cxd4 15.Bxe7 Rxe7 16.cxd4 Rf7 17.c3 Thf8 18.Cf4 Cc7 19.h5 Brancas estão melhores, Sveshnikov – Gulko, Moscou 1976) 12.h4 cxd4 13.cxd4 Cb4 14.Db3 Cc6 15.Bd2 Cge7 16.0-0 Thc8 17.Dg3 Ca5 18.Bxa5 bxa5 19.c3 Tab8, Pretas conseguem igualar, Shashikant – Ulibin, Gurgaon 2009.

11... c5
11...Da4 12.Dd3 c5 13.Tb1 Ce7 14.h5 Thc8 15.Tb2 Rg8 16.Cf4 Tc6 17.0-0 Tac8 18.Dg3 Tf8?! (Melhor 18... h6 19. Cg6 Cxg6 20. Dxg6 cxd4 21. Bxh6 T8c7 com chances mútuas) 19. h6 g6 20.Ch5 cxd4 21.Dh4 Tf7 22.Cf6+ Rh8? (Erro decisivo, era necessário 22... Rf8! 23. cxd4 Tc4) 23.Ce8 Cg8 24.Cd6 Tf8 25.Dd8! (Efetivo sacrifício de distração) 25… Tc8 26. Qxc8!, Pretas abandonam, Anand – Ivanchuk, Moscou 2009.


12. h5 Tc8 13.h6 g6 14.Dh4!
Um excelente lugar para a Dama: Pretas não podem desenvolver o cavalo por е7 por causa do xeque mortal em f6, e sobre 14 … Dе7 é desagradável 15.Bg5 com o subsequente Bf6. Dessa maneira, a ala do Rei preta "está congelada".

14... cxd4 15.cxd4 Txc2 16.Th3 Db5
Tentando complicar a partida. Por exemplo: 16... De7 17. Bg5 Dc7 18. Td1! (ou18.Bf6 Dc4! 19.Te3 Txe2+ 20.Txe2 Dc3+) 18...Ce7 19.Cc3! Dd7 (19...Txc3 20.Txc3 Dxc3+ 21.Bd2, com ideia de Df6) 20.Rdd3, and Brancas vencem.
17. Nc3 Qc4 18. Bd2 18... Cb8?
Certamente seria conveniente colocar em jogo o cavalo de a6, mas as Pretas não têm tempo. Era necessário 18... Re8!, embora novamente aqui com 19.Tb1 Ce7 20.Rd1 Txd2 + 21.Rxd2 Cc6 22.Cb5 as Brancas estejam muito melhores.

19. Tb1 Cc6 20. Cb5 Da2 21. Nd6+ Rf8 22. Td1 Db2 23. Td3
Porém Motylev escolhe a linha mais segura. Preste atenção: Dh4 e Cd6 estreitam os movimentos de quatro peças inimigas! Pretas não têm nada a fazer.

23... Txd2
Sacrifício de despedida.

24. R3xd2 Qxa3 25. Tc2
Pretas abandonam.